segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Capítulo 4

Desgraça Pouca é Bobagem



Narração - Jasper:

Tava na cara que T-zed ia apanhar pra caramba. Então mesmo com medo resolvi intervir, pois não era adepto de violência gratuita. Ia contra os meus princípios.

- Calma aí, cara. - Empurrei T-zed para trás e fiquei entre ele o gigante. - Edward não é da cidade. Vamos resolver isso na paz? - Emm me olhou como se eu tivesse perdido a cabeça.
- Ah, é claro que vamos resolver isso na paz. - Riu e me deu um soco no meio do rosto.

Meu irmão, doeu pra burro! Caí por cima das poltronas, gemendo de dor.

- Lanterninha! Não tem um lanterninha aqui? - Emmett gritou, com medo de apanhar também. Ele só era musculoso para parecer boa pinta, mas era tão covarde quanto eu.

Edward puxou-me pelo braço e me ajudou a ficar de pé. O sujeito continuou a nos xingar.

- Nunca mais entrem no meu cinema! - O bruto deu um murro em T-zed, que de forma surpreendente desviou. Em seguida, subiu na poltrona e prendeu o punho do cara embaixo de seu braço, imobilizando a região. Com uma habilidade incrível, atingiu o nariz do sujeito de baixo para cima usando o peito da mão. O valentão caiu sentado com o nariz sangrando.

- UAU! - Emm e eu embasbacamos. Nunca vimos ninguém quebrar o nariz de um homem tão rápido. Foram só dois movimentos e pronto, o agressor estava nocauteado.

Obviamente o valentão não teve mais coragem de reagir, seu nariz estava quebrado e só se preocupou com a dor. Edward puxou a chave do Jipe que estava pendurada no cós da calça de Emmett e saiu. Nem nos movemos, ficamos lá observando o gigante grunhir de dor. Para nós era uma tremenda novidade, já que só vimos aquele tipo de coisa em filme.

- Onde o T-zed aprendeu aquilo? - Perguntou Emm.

- Não faço idéia.

- Não dá pra aprender isso na selva. Aquele golpe é uma técnica de auto-defesa das forças armadas.

- Nossaaaa. - Bestifiquei. - Ei, onde ele foi com a chave do seu carro? - Nos encaramos confusos, depois nos tocamos do óbvio. Edward estava indo embora.

- Droga! – Emmett vociferou. - Corre!

Disparamos para fora do cinema. No estacionamento, vimos Edward dar ré no jipe e nos desesperamos. Corremos atrás do veículo, o qual saía lentamente do estacionamento. Por sorte, conseguimos pular pro banco traseiro, pois o jipe estava sem a capota.

- Pára o carro! - Gritei.

- Pára agora! - Emmett estava puto.

Assim que T-zed chegou na rua, pisou com tudo no acelerador.

- AAAAAAAAAAAHHHHHH! - Gritamos.

- CUIDADOOOOOO! - Berrei quando ele quase atropelou um pessoal que atravessava a rua.

Rapidinho atingimos os 120 km/h. Abracei-me ao banco da frente e comecei a rezar, pois Edward guiava descontroladamente pelas ruas de Orlando. Ele até sabia manobrar bem, mas não tinha nenhuma noção de leis de trânsito.

- Acabamos de passar por um fotossensor. - Meu amigo choramingou. - Quem vai pagar a multa? Eu tou na liseira!

- O pornô deixou ele louco, só pode! - Ao chegarmos a um cruzamento, gritei. - PRA ESQUERDA, PRA ESQUERDA! - Gesticulei, indicando o caminho de casa. Não tínhamos outras opções.

T-zed dobrou a esquina cantando pneu e Emmett foi à loucura.

- NÃO BATA MEU CARRO! NÃO BATA MEU CARRO!

- SINAL VERMELHOOOO! - Apontei e Edward acelerou ainda mais.

 - AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH! - Emmett e eu nos abraçamos.

Edward avançou o sinal e tudo que ouvimos foram buzinas e o som de latarias se chocando. Nem tive coragem de olhar para trás, mas fiquei aliviado por ter saído ileso.

- Segue em frente! - Meu amigo sinalizou trêmulo. Passei as mãos pelo rosto sem saber o que fazer, com a maior cara de banana.

- Ali! Ali! A casa! - Cutuquei T-zed. Ele freou abruptamente e o solavanco me fez bater a cabeça no banco da frente.

Com o carro estacionado ficamos parados em total silêncio por cerca de 10 segundos. Então...

 - SHOW! - Falamos ao mesmo tempo. Gargalhamos alto e até T-zed riu.

- Foi irado, véi. - Disse Emmett.

- É, mas não deixe ele pegar no seu carro de novo. - Enxuguei o suor da testa.

Edward saiu do veículo e entrou em casa.

- Jazz, está pensando o mesmo que eu?

- Que gritamos feito mulherzinhas?

- Não! - Socou meu braço. - O cara da selva é exatamente o que estávamos precisando. Ele bate feito herói de filme de ação. Quantas vezes já apanhamos ou pagamos mico na frente da mulherada por não sabermos brigar? Vamos fazê-lo nos ensinar aqueles golpes malucos. Pense nas possibilidades.

Involuntariamente imaginei Emmett e eu andando por aí, sem medo, bonitões bancando os bad boys. Ia chover gata na nossa mão.

- Caraca. - Suspirei. - Ia ser show, mas como vamos convencê-lo? O mano é anti-social.

- Acho que ele já gosta um pouco da gente. Não viu como te ajudou no cinema? Você mandou muito bem tentando defendê-lo.

- Podíamos fazer algo bacana, você sabe, pra ele sacar que somos do time dele.

- Tipo o quê?

- Ah, não sei... Peraí! Meu, tive uma idéia. Viu como Edward ficou interessadão no pornô? Vamos arrumar uma transa pra ele, depois disso vai nos idolatrar. - Sorri me sentindo um gênio.

- Boa. - Emmett socou novamente o meu braço.

- Para de me bater! - Reclamei massageando o local. - Fica roxo.

- A partir de hoje vamos agir como se o cara da selva fosse o nosso melhor amigo, vamos cativá-lo.

- Beleza. - Concordei.

Saímos do jipe e fomos em busca de nosso novo amigo. O encontramos na sala, perto de minha irmã e Alice. T-zed as estudava de um jeito que eu não gostei nadinha. Parecia muito curioso quanto à anatomia feminina. Corri e me coloquei entre eles.

- O que fizeram com o cara? Agora ele parece mais estranho que antes. - Questionou Bella.

Narração - Bella:

Não entendia o porquê de o sujeito ficar nos analisando dos pés a cabeça.

- Onde foram? - Perguntou Lice.

- Ah... no... - Emmett balbuciou fitando meu irmão.

- Jasper o levou para passear na praça. Vimos uns passarinhos voando... foi bem legal. - Jazz se inclinou para Edward e sussurrou pelo canto da boca. - Véi, não se fica olhando assim pras irmãs dos amigos. Não pega bem.

- Do que está falando? O convenceram a me ajudar? - Empurrei meu irmão idiota para longe.

- Não tivemos a oportunidade. - Respondeu Emm assim que o selvagem foi para a cozinha.

- Ótimo! - Me estressei. - Obrigada por nada. - Fui para o escritório e os idiotas me seguiram.

- Por que escolheu justamente o T-zed para fingir ser seu namorado? - Jazz se interessou.

- Quem é T-zed? - Alice ficou confusa.

- É o apelido que demos para o Edward. - Emmett explicou. - Manêro, né?

- Manêro? - Me indignei. - T-zed? O que ele é agora, um cantor de rap? - Sentei-me no sofá com as mãos na cabeça. - Acho que vão ter que tocar o resort sem mim. Vou passar as férias no Texas com minha tia Helen.

- Nada disso. Não desanima agora, Bella. - Lice falou altiva. - O jeito é você namorar o Edward contra a vontade dele.

- O quê? - Franzi o cenho. - Como assim? Isso é possível?

- Claro que é! Se todos nós sustentarmos a mentira, vai ser fácil. Brad não está totalmente convencido do namoro, mas não tem provas de que é uma mentira. Se agirmos como se você realmente namorasse Edward, McFadden não tem porque contestar.

- Jasper acha que faz sentido.

- Ah, meu Deus. Digam que é brincadeira! Como vou ficar de beijos e abraços com o esquisitão?

- Bem... - Alice riu. - O que os olhos vêem o coração sente. Sempre que Brad ver vocês juntos gesticule, sorria e pareça feliz. Essas coisas vão consolidar as pequenas mentiras que soltaremos quando conversarmos com seu ex. Quer um exemplo? Emmett pode dizer ao McFadden que você se apaixonou pelo senso de humor de Edward. Daí, quando estiver com o ele e Brad se aproximar, ria muito. Vai parecer o que? Que Emm estava falando a verdade e que você e seu namoradinho se dão muito bem. E cara, nada dói mais do que ver nossos ex-amores mais felizes com os outros do que foram conosco. Isso vai ser um tremendo soco no ego do vocalista do Link 69.

- Lice... - Balancei a cabeça, perplexa. - Tenho medo de você.

- Obrigada. - Ela saltitou considerando aquilo um elogio.

- Bel, o plano da Alice é bom. Vai fundo! Nós vamos te ajudar. - Emmett incentivou. - Além disso, qual a pior coisa que pode acontecer?

- O selvagem acabar matando todos nós. Isso está bom pra você? - Cruzei os braços. Ficamos em silêncio analisando a possibilidade. Então, mudei de assunto. - O esquisitão deu alguma pedra pra vocês?

- Não. Por que nos daria uma pedra? - Jazz ficou confuso.

- Eu não sei. Ele me deu uma ontem. Estanho, né?

- Como era? - Perguntou Emm.

- Meio branca e cintilante. Sei lá, não gostei e joguei no jardim.

- Peraí. - Meu irmão tamborilou os dedos na testa, refletindo. - Edward vive numa ilha com atividade vulcânica, certo?

- Sim. - Confirmei sem entender.

Jasper pegou na estante um dos livros de nosso pai e folheou até encontrar algo que o interessou, em seguida, colocou o livro aberto bem na minha frente perguntando:

 - A pedra parecia com esta?

- Sim. - Sorri admirada. - Igualzinha.

- Então leia a legenda abaixo da gravura, irmãzinha.

- Diamante em estado bruto. - Li em voz alta. - Ai, droga! - Levantei-me chocada.

- Ele te deu um diamante? - Emmett puxou o livro para si, bestificado.

- E você jogou fora? - Lice pôs a mão no peito.

- Merda! - Saí do escritório correndo e fui procurar a pedra.

Meus amigos me ajudaram nas buscas, mas como eu estava preste a ser coroada a rainha da má sorte, obviamente não encontramos nada.

Logo anoiteceu e fui obrigada a ir para meu quarto me arrumar pra festa de inauguração do resort. Antes disso resolvi fazer um agrado a Edward. Tinha esperança de ganhar outro diamante e conseguir parar de me lamentar por tanta estupidez.

Fui até a casa na árvore levando comigo uma travessa de salada verde. Subi os degraus com cuidado e assim que atravessei a porta avistei Edward sem camisa, deitado no saco de dormir brincado de ligar e desligar sua lanterna.

Ele percebeu minha presença e desligou a lanterna. O escuro deixou-me inquieta, mas dessa vez não tomei nenhuma atitude precipitada. Segundos depois a lanterna estava ligada novamente, só que agora, em minha direção. O fecho de luz que apontando para os meus pés passou por todo o meu corpo, até chegar a meu rosto. Pisquei os olhos, incomodada com a claridade.

- Trouxe um presente para você. - Falei bem devagar, pois começava a desconfiar que ele era capaz de ler nossos lábios. - Bella não é legal? - Sorri cínica. - Aproximei-me e lhe estendi a travessa.

Edward ficou de joelhos, analisou tudo desconfiado e finalmente aceitou a salada. Mesmo ele já tendo colocado atravessa do seu lado, continuei com a mão estendida, esperando a minha parte da troca.

O anormal revezou olhares entre minha mão e meu rosto, e no momento em que pensei que ele tinha entendido, simplesmente apertou minha palma em um cumprimento.

Legal, agora ele sabe cumprimentar? Ódio!

- Er... - Resolvi ir direto ao assunto. - Não vai me dar outra pedra? Achei aquela tão linda.

Ou ele não ouviu ou fingiu que não entendeu, pois pegou uma pedaço de  alface e colocou na boca totalmente indiferente. Bufei, derrotada. Olhei para baixo e algumas folhas de papel, em cima do saco de dormir chamaram minha atenção. Pareciam desenhos, por isso, estendi a mão para pegar um. Edward deteve-me, agarrando meu pulso com firmeza. Estremeci, com medo demais para gritar ou reagir. Ele olhou bem dentro dos meus olhos e minha respiração disparou de pavor. Quis me defender, meus músculos desejaram lutar, porém, a profundidade de seu olhar me manteve presa à suas íris até que o medo, aos poucos, me abandonou. Senti que estava segura e que não precisava fugir. Arfei por uma última vez, depois caí de joelhos, totalmente relaxada.

Edward desviou o olhar soltando meu pulso com delicadeza. Fiquei confusa, porém isso não diminuiu a sensação de bem estar e de uma estranha confiança naquele homem. Alguma coisa ele tinha feito, eu só não sabia o que.

Sentei-me e sem medo algum peguei o desenho. Dessa vez, o homem não me deteve. Respirei fundo e busquei voltar a meu antigo estado de espírito.

- Você é bom. - Murmurei examinando o desenho. Era uma grande casa de madeira, rodeada por árvores e plantas. - É a sua casa? - O encarei e ele não respondeu, limitou-se a comer. 

Lógico que o selvagem estava com saudades de casa. Coloquei-me no lugar dele por alguns segundos: uma cidade estranha, costumes que não fazem sentido, pessoas bizarras que correm e gritam sem motivo aparente...  Nossa! Devia ser uma barra para alguém que viveu isolado por tanto tempo enfrentar a rotina de uma metrópole.

Senti uma ponta de culpa por tê-lo recepcionando tão mal. O medo que senti dele agora parecia infantil e desnecessário. Engraçado como o desconhecido pode alimentar o pavor, limitando nosso raciocínio.

Desconcertada, procurei ser gentil. Puxei o bloco de notas do meu bolso e escrevi:

Gostou da salada?

Edward sinalizou um sim com a cabeça. Insisti um pouco mais.

Está gostando de Orlando?

Respirou fundo, então balançou a cabeça sinalizando o não que eu já esperava.

Abusei um pouco da sorte e perguntei:

O que fez comigo? É algum truque?

Ele riu baixinho. Como não me respondeu, passei para outra pergunta:

Você gosta da gente?

Esperei ele pensar, depois, com a uma expressão cômica, quase que pedindo desculpas, sinalizou que não. Ri sem querer.

- É, tem dias que também não gosto de mim.

- BELLA! BELLA! - Reconheci o grito de Alice.

- Preciso ir. Aparece na festa. - Levantei-me. Antes de atravessar a porta, olhei para trás e notei que aquele homem era muito mais misterioso do que eu imaginara.

(...)

Trancadas no quarto, Alice terminava de me maquiar quando falou:

- Vamos repassar o plano.

- Devo parecer feliz, não deixar os comentários de Brad me afetarem, ficar o máximo de tempo possível ao lado Edward e não jogar fora nada do que ele me der.

- Muito bem. - Aprovou passando batom em mim. - Estamos prontas.

Ficamos de frente para o espelho, constatando que estávamos bem bonitas apesar do uniforme. Lice tinha confeccionado nossas roupas de festa. Algo neutro e padrão, mas com muito estilo. Os vestidos eram pretos, na altura do joelho e com uma plaqueta no peito onde estavam gravados nossos nomes. Os rapazes também vestiriam preto. Blusa de botões e calça social.

- Estamos umas gatas! - Ri.

- Isso mesmo, agora diga: minha noite vai ser maravilhosa, só coisas boas vão acontecer comigo.

- Vou é enfiar a mão na sua cara! - Como ela tinha coragem de falar aquilo depois de tudo que aconteceu? - Vai lá ver como está a festa, logo desço. Preciso me concentrar antes de enfrentar Brad e suas fãs.

- Tudo bem. Vou estar te esperando.

Fiquei alguns minutos me lembrando de todos os defeitos do meu ex-namorado e repelindo qualquer sentimento de desejo ou saudade.

Nervosa, desci as escadas e fui para sala. Lá esbarrei com o tiozão, que foi logo me cantando na maior cara de pau.

- Nossa. Que linda. - Se aproximou mais do que deveria.

- Espero que goste da festa. - Como ele era um hóspede tentei ser simpática e ao mesmo tempo mostrar que não estava interessada nele. - Me dá licença, preciso trabalhar.

- Espera, lindeza, eu quero... - E ele praticamente espirrou minha cara. De olhos fechados e morrendo de nojo, senti os respingos repugnantes na minha pele. - Me desculpe, meu amor, estou resfriado.

Não consegui me controlar. Corri até a janela e limpei o rosto na cortina. Esfreguei com toda força tentando me livrar dos germes.

- Que nojento! - Arfei.

- Com licença. - O imundo foi embora constrangido.

Sem ânimo, me arrastei até o jardim. Achei que encontraria o Link 69 tocando e muitas pessoas se divertindo, mas ao invés disso os rapazes retiravam os instrumentos do palco e os fãs da banda pareciam se preparar para exigir o dinheiro dos ingressos de volta.

Corri até a parte coberta do deck, onde Edward, Jasper e Alice estavam.

- Droga! Droga! Droga! - Lice vociferou quase batendo em meu irmão.

- O que aconteceu? - Minha pergunta foi respondida pelo som do trovão que ecoou no jardim. Olhei para o céu e vi que o tempo estava totalmente fechado.

- Seu irmão fez o favor de ferrar com tudo. - Ela estava uma fera. - O burro achou que estaria economizando se mandasse montar um palco sem cobertura.

- Como Jasper podia adivinhar que ia chover? - Ele emburrou. – Saco! Olha como eu organizei tudo direitinho. Lá atrás fica a barraca de bebidas - apontou para o local. Dois colegas do colégio vendiam as bebidas e metade do lucro seria nosso. - Tem bastante espaço pra galera agitar, vendi quase 250 ingressos, fechei todas as entradas da casa e deixei só a principal para os hóspedes. Ralei pra tudo ficar da hora, piso na bola uma vez e já querem me culpar?

- Desculpa. - Minha amiga baixou a cabeça.

- Jasper magoou. - Fungou. - Talvez a culpa seja desse repentino azar que paira sobre a cabeça da Bella.

- Êpa! Eu não sou assim tão azarada. - Bastou eu fechar a boca e começou a chover.

O pessoal correu para se proteger do aguaceiro embaixo das árvores, deck e principalmente dentro da mansão.

- Viu só. - Jazz apontou para a chuva. - Algo está muito errado aqui.

- Me recuso a aceitar que sou azarada. Logo o tempo vai melhorar e vamos nos divertir, pois não me produzi toda à toa.

- Falando nisso... O que aconteceu com a sua cara? - Perguntou Alice.

- Por quê?

- A maquiagem está toda borrada. Você parece um...

- Palhaço? - Completou Jazz.

- Não brinca. - Arregalei os olhos. Logo me lembrei que era verdade, já que sem me tocar esfreguei a cortina no rosto. Revoltada, chacoalhei-me choramingando. - Por quê eu? De onde vem esse azar?

De repente, Edward, que até aquele momento ficou totalmente imóvel, lambeu o dedão e simplesmente o esfregou em minha bochecha. Paralisei, confusa.

- Olha só... - Lice sussurro. - Acho que Ed está começando a gostar de você.

- E ele demonstra isso passando cuspe na minha cara? - Fiz careta.

- Parece que está tentando limpar seu rosto. - Meu irmão riu.

Mais uma vez, o selvagem lambeu o dedo e o esfregou em minha face.

- Ai... que nojo. - Murmurei e, por algum motivo muito, muito estranho, ele sorriu.

- Devia começar a ser gentil com T-zed, lembre-se que precisa dele. - Disse Jazz.

- Ah, claro. - Resolvi retribuir o gesto. Sem saber se era a coisa certa a fazer, lambi meu dedão e passei em sua bochecha. - Gostou?

- Alerta vermelho, aí vem o Brad! - Lice alarmou.

Eu não sabia se escondia meu rosto borrado ou se me descabelava.

- Ei, Jazz o pessoal aí está querendo o dinheiro de volta. Vieram cobrar de mim. É melhor você ir resolver a parada.

- AHAHAHAHAHAHAHAHAH! - Gargalhei alto. - Edward, você ainda me mata de rir. - Ofeguei colocando a mão no ombro dele. Não sabia por que meus amigos me olhavam como se eu tivesse pirado. Oras, foram eles que me aconselharam a fazer aquilo. - Me desculpe, Brad. O que estava falando mesmo?

- Como ele pode ser engraçado se nem fala? - Questionou cruzando os braços.

Pisquei os olhos três vezes sem saber o que responder.

- É que Bella borrou a maquiagem e Ed estava tentando limpar com saliva. Ele não é um palhaço? - Minha amiga riu, mostrando mais uma vez que era a mentirosa mais insana do mundo.

- AHAHAHAHAHAHAHAH! - Dessa vez ri de nervoso.

- Ok... - Meu ex ficou um pouco incomodado. - Jazz, se vira lá. Vou buscar uma bebida.

McFadden saiu e eu continuei rindo.

- AHAHAHAHAHAHAHAHA. - Era difícil parar com tanta desgraça acontecendo.

O cara da selva colocou o dedo indicador no meio da minha testa e lentamente me afastou como se eu fosse algum tipo de doente mental.

- Onde está Emmett? - Questionei.

- Procurando a pedra. Ele não consegue aceitar que ela já era. - Respondeu meu irmão. – Gente, Jasper vai lá. Jasper precisa enfrentar um bando de gente revoltada que vai trucidar ele.
                  
- Espera. - Examinei o aguaceiro, as pessoas descontentes e o gramado perto do palco. - Não vão colocar essa festa desastrosa na minha conta. Vou virar o jogo! Mano, vai lá dentro e coloca uma música bem animada no volume máximo.




Tirei as sandálias e puxei Alice para o meio do gramado, ignorando a chuva.

- O que está fazendo? Ficou maluca? - Esbravejou encharcada.

- Dance!

- O quê?

- Precisamos mostrar a essas pessoas que é possível se divertir na chuva. Não faça essa cara de trouxa. O que temos a perder?

- Dignidade?

- E algum dia tivemos isso? - Ergui uma sobrancelha.

- JAZZ, AUMENTA ESSE SOM! - Ela berrou tirando as sandálias.

Correndo o risco de sermos taxadas de otárias, dançamos com toda a energia. Até arriscamos uns pacinhos coreografados, coisa antiga, do tempo de colégio. A chuva caía ainda mais forte e já não me preocupava com a maquiagem, vestido ou postura. Tudo que me interessava era mostrar o quanto estava me divertindo, na intenção de chamar a atenção para o foco principal daquela noite: diversão.

Girei de braços abertos sentido as gotas frias em minha face. Até queria ver a expressão nos rostos dos expectadores, porém tinha medo de que aquilo minasse minha coragem.

- JASPER GOSTOU DISSO! - Meu irmão chegou pulando feito um calango pisando em brasa.

Agora éramos três corajosos ignorando os risos que ecoavam pelo jardim. De relance, vi Edward sentado no chão nos assistindo como se fôssemos um interessante programa de TV.

De repente, Brad se aproximou tão animado quanto eu. Ri da forma descontraia que dançou, ele realmente estava curtindo. McFadden e meu irmão pularam e gesticularam para que as outras pessoas se aproximassem. O mais louco é que deu certo. Logo o restante do Link 69 estava no gramado e algumas garotas perderam o medo da chuva.

Sem que eu esperasse, Brad pegou minha mão e girou-me. Seu sorriso perfeito fez meu coração pulsar um pouco mais forte e por um breve momento esqueci de tudo. Apenas dancei, distraída com aqueles olhos azuis tão vivos quanto a música que contagiou a todos, lotando o gramando.

- Jazz, desliga lá o som. Eu tive uma idéia. - Ele gritou, em seguida cochichou com um dos caras de sua banda, o qual rapidinho lhe trouxe um violão.




Quase todas as pessoas que compraram ingressos e alguns dos hóspedes estavam na chuva, todos olhando para Brad. Ele simplesmente começou a tocar e cantar uma música conhecida. Para incentivar, acompanhei com palmas e muitos dos fãs dele me seguiram. Em segundos já estávamos cantando juntos. O microfone e todos os instrumentos não fizeram a menor falta, pois formou-se um coro animado que tornou a festa muito mais interessante e interativa.

Brad caminhou por entre as pessoas, espalhando charme e carisma. As garotas o desejavam e os homens o admiravam. O cara cantava com entusiasmo e paixão, aos quais era impossível ficar indiferente. Sem dúvida, ele tinha nascido para ser um astro do rock.

Eu estava feliz por a festa estar se reerguendo, era horrível imaginar que minha falta de sorte pudesse estragar a diversão dos meus amigos.

Cantei alto o refrão da música e Lice me cutucou vendo que eu estava me envolvendo demais.

- Não esqueça que agora você tem um namorado. - Sussurrou no meu ouvido.

- Droga! Eu esqueci.

Era o momento de ser estratégica. Com dificuldade, passei por entre a multidão. Fui até o local onde Edward estava antes e nem sinal dele.

- Bella, Bella, encontrei! Encontrei! - Emmett veio correndo até mim. - Achei o diamante.

- Cadê? - Me empolguei.

Emm abriu a palma, e satisfeito a exibiu.  Meus olhos deviam estar brilhando de contentamento. E foi nesse exato momento que um cara bêbado passou entre nós, batendo o braço com força na mão de Emmett. Isso fez a pedra voar para o meio da multidão.

- NÃÃÃÃOOOOO! - Gritamos com as mãos na cabeça. 

Sem me importar com mais nada, me meti no meio da galera empurrando qualquer um que estivesse no meu caminho. Tudo dificultava: chuva, poças de água, jovens pulando e dançando.

- E agora? - Emmett gritou no meu ouvido.

- Eu não sei. - Choraminguei. Olhei para os dois lados e subitamente fui atingida por um marmanjo, que saltara em cima de mim pra fazer gracinha na frente dos colegas.

Ambos fomos ao chão e imediatamente reagi o empurrando para longe com muita força. Ele levantou-se, mas eu não consegui fazer o mesmo, pois minha atenção foi roubada pela visão do diamante a cerca de um metro e meio de mim.

- Emmett! - Apontei.

Ele arregalou os olhos e saiu abrindo caminho. Não perdi tempo, engatinhei até o local, sedenta pela grana que aquela pedra me renderia. Sorri estendendo o braço para pegá-la, mas uma filha da mãe passou na minha frente e acidentalmente chutou a pedra para longe. Ela rolou pelo gramado e a segui desesperadamente. Meu amigo ajudou, tentando tirar as pessoas da frente, só que as mesmas acabavam chutando o diamante para direções diferentes. Engatinhei o mais rápido que pude, e mesmo assim não consegui tocar uma só vez na pedra. Quando achei que a situação não podia piorar, um engraçadinho pulou numa poça e a lama espirrou no meu rosto.

- Eu odeio a minha vida! - Choraminguei socando o solo.

Já estava para desistir quando avistei novamente o diamante. Em uma última tentativa, engatinhei até lá e joguei-me em cima do meu presente. O peguei ajoelhando-me, então admirei a pedra em minhas mãos. Fui incapaz de dar atenção a qualquer outra coisa, até que ouvi muitos gritos, só que não dei importância. Tudo o que importava era que eu já não podia ser taxada de louca por ter jogado uma grana preta fora.

- BELLAAAAAA! - O berro de Alice me fez olhar para trás. Estranhei ver as pessoas fugindo e a expressão de pavor nos rostos dos meus amigos. Eles se afastavam cada vez mais e fiquei totalmente confusa.
- O que... - Meu murmúrio foi interrompido por um rugido, o qual fez eriçar todos os pelos do meu corpo. Lentamente girei a cabeça e olhei para frente. - Ai... minha... nossa... - Um puma grande estava com a boca aberta a alguns palmos de mim. Seus olhos amarelos estavam focados na presa, que, no caso, era euzinha.

Instantaneamente lembrei do noticiário onde especulavam que o felino tinha fugido do zoológico. Eu não sabia como ele entrou em minha casa. Podia ter escalado o muro, se escondido nas árvores ou até mesmo entrado pelo portão... Não interessava, afinal, eu estava preste a ser a atacada.

Pensei em correr, mas podia ser pior e acabar sem um braço ou uma perna.

- Gatinho bonzinho. - Minha voz tremeu. Tentei me mover e o puma rugiu outra vez, petrificando-me.

De repente, alguém me puxou pelo braço, fazendo-me ficar de pé. Fiquei surpresa em ver Edward se pondo entre mim e o felino. O puma deu um passo em nossa direção, mostrando os dentes pontiagudos.

O cara da selva baixou-se, ficando quase que cara a cara com o predador. Ele olhou dentro dos olhos do animal, da mesma forma que fez comigo horas atrás. Embasbacada, assisti o puma manter o contato visual sem nem mesmo piscar os olhos. Aquilo era muito perigoso, só que eu não consegui fazer nada além de observar. Aos poucos o felino foi relaxando e me perguntei se ele podia estar sentido as mesmas coisas que senti. Então, sem que eu esperasse, o bicho deitou-se sobre as patas, parecendo quase inofensivo.

Edward levantou-se e o fitei, completamente atônita. Ah, alguém ia ter que me explicar o que estava acontecendo!

(Continua...)

Próximo Capítulo Aqui!

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