segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Capítulo 7

Incomodando e Sendo 
Incomodada

Narração - Bella:

- Tenho muitas cicatrizes porque fui um garoto levado. - Ele disse com simplicidade.

- Um garoto levado? - Sorri. Por alguma razão soou engraçado. Me afastei e baixei a cabeça.

- Suas cicatrizes acabaram?

- Não. - Suspirei. - As maiores não são visíveis.

Não pude deixar de pensar em Brad. Às vezes imaginava como seria minha vida se um dia acordasse e ele já não fizesse parte de mim. Shakespeare disse: “o amor é cego”, não só concordo como também, complemento. “O amor tem vontade própria”.

Quanto mais via McFadden, mais tinha certeza de que ele não era a pessoa certa para mim. Tentava matar o que sentia por ele, porém esse sentimento resistia como um vírus que me deteriorava aos poucos. Eu lutava tanto, tanto pra manter as aparências que algumas vezes ficava sem ar. Usava uma máscara para esconder a minha tristeza e uma armadura pra me proteger até de mim mesma. O que eu não possuía era um escudo que mantivesse minha mente sã.

- Bella? - Edward sussurrou. - Tudo bem? - Questionou como se eu tivesse ficado ausente, e de fato, foi o que aconteceu.

- Estou legal. - Menti.

Fiquei surpresa quando ele tocou novamente minha cicatriz no ombro. Seu dedo acompanhou a linha na pele, então a porta do quarto se abriu. Rapidamente nos afastamos.

- Bella! - Jasper ficou ranzinza. - Vem aqui.

- O que é?

- Vem aqui! - Falou autoritário.

Bufei e fui ao seu encontro. No corredor ele me puxou para um canto e sussurrou:

- Que história é essa do T-zed dormir com você? O que nosso pai vai achar disso?

- Deixa de ser idiota, faz parte do meu plano. Nosso pai nunca vai saber.

- Como não vai saber? Todos ouviram seu gemido lá da sala. Tem gente achando que você está no maior vuco-vuco com o cara da selva.

Revirei os olhos.

- Eu sei o que estou fazendo. - Provavelmente não. - Me deixa em paz!

- Jasper é o homem da casa. Jasper tem que impor respeito.

Ri alto.

- Jazz, você não é o homem nem da casa da árvore. Xô, xô, xô! - O empurrei para longe.

- Saco! - Saiu resmungando.

- Espera. - Corri até ele. - Você disse que deu pra me ouvir da sala?

- Sim.

- E quem está lá?

- Emmett, Alice e os caras do Link 69. Por quê?

- Te adoro. - Dei-lhe um beijo estalado na bochecha e voei para o quarto. Fechei a porta com delicadeza e encostei-me nela, arquitetando. - Ed - ele estava de pé há um metro de mim. - Aconteça o que acontecer... não se assuste.

- Não me assustar? - Ficou confuso.

Corri para cama e saltei pra cima dela. Comecei a pular com força, as molas do colchão faziam um barulhão e a cabeceira de aço também, pois batia contra a parede.

- Aaaaaaaaaaahhh! Oh, Edwaaaard! - Gemi alto. Não estava nem aí, queria que o falatório corresse solto. - Ooooh, isso! Hhhmmmm! ACABA COMIGO! - Berrei feito uma louca. - Mais! Mais! - Chacoalhei o corpo para que minha voz tremesse. - Não pára, não pára! - Coitado do Ed. Ficou tão deslocado que teve dificuldades até para engolir a saliva. Mesmo assim continuei, pois precisava manter os dados rolando. - Aaaaaaaaahhhh! - Pra não perder o foco fechei os olhos e me concentrei na interpretação. - Ooooh, minha nossa! Aaaaah! Aaaaaah! - Pulei com mais força. Fiquei com medo de não estar sendo ouvida no andar inferior e passei a gritar ainda mais alto. - ME DEVORA, MEU GATO SELVAGEM! AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHH! EDWAAAAAAAARD! AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH! - Após o último berro escandaloso, parei. Temi passar da conta e levantar suspeitas.

Ao abri os olhos avistei Edward acuado em um canto. Nunca o vi tão constrangido. O sujeito me encarava como se eu estivesse possuída.

- Tudo bem? - Questionei.

- E-e-eu... -Pressionou os lábios e franziu o cenho. - Vou dormir agora. - Foi para a cama auxiliar.

Nossa, será que exagerei?

(...)

Quando acordei, o selvagem não estava no quarto, por isso tomei um banho rápido, coloquei meu uniforme e fui procurá-lo.

Assim que cheguei ao jardim, encontrei meu irmão e Emmett correndo em volta da piscina. Não acreditei no que meus olhos viram. Nem em um bilhão de anos eles acordariam cedo para se exercitar.

- O que está rolando? - Perguntei em voz alta.

- Estamos malhando. - Emm respondeu. Jazz apenas mostrou o polegar. O maluco não corria, se arrastava.

- E por que meu irmão Idi e meu amigo Ota estão fazendo isso?

- T-zed... - Jazz parou, ofegando. - Mandou.

- Como é? - Me aproximei.

- Nós pedimos pra ele nos ensinar uns golpes. O cara manja muito disso. Até deu uma surra em um grandalhão no cinema. - Emmett explicou.

- Diz que é brincadeira. - Era difícil acreditar.

- Sério, o T-zed é o Jack Chan da selva ou... sei lá. - Jasper estava empolgado.

- É mais fácil ele ser um “sei lá”. Por que acham que T-zed, quero dizer, Edward ensinaria algo a vocês?

- Nós pedimos e ele disse sim. - Emm sorriu orgulhoso.

- Só isso? - Duvidei.

- Ele ainda pensou por uns segundos. - Meu irmão se apoiou em mim todo suado. - Mas exigiu que fizéssemos tudo que ele mandasse sem questionar.

- Isso é loucura. O sujeito deve estar curtindo com a cara de vocês.

- Vou correr o risco. Preciso aprender a lutar antes que o marido da Rose descubra que ela tá “fornecendo” pra mim. - Emmett estava uma pilha.

- O que mais Edward mandou vocês fazerem? - Ergui uma sobrancelha.

- Ele fez uma lista. - Jazz a puxou do bolso.

- Tá de onda! - Arranquei o papel das mãos dele e li em voz alta. - Se exercitar toda manhã. Consertar o teto da casa na árvore. Lavar minha roupa. Plantar uma horta para mim. Não comer carne. - Fiquei pasma com tamanha cara de pau. - Seus burros, agora vão virar capachos dele? - Quase os espanquei. - Só porque ele deve ter assistido uns filmes bobos de ação, não quer dizer que é um expert. - Bufei. Edward estava se achando muito esperto. - Vou lá falar com aquele barbudo, vou mostrar como é que a banda toca por aqui.

Marchei até a casa da árvore, muito chateada. Chegava a ser maldade ludibriar dois patetas como Emm e Jazz. Subia as escadas e adentrei o local, quase soltando fumaça pelo nariz.

- Me explica isso. - Exigi, mostrando-lhe a lista. Ed fechou seu caderno de desenhos e me encarou.

- Qual o problema? - Se fingiu de inocente.

- Sei que você se acha um gênio porque leu meia dúzia de livros, mas o que está fazendo com os rapazes é crueldade. Nós não somos imbecis, não nos aproveitamos das pessoas e não gostamos de gente sacana. Então, se quiser permanecer nessa casa, é melhor agir corretamente.

O babaca se levantou e caminhou lentamente até mim. Automaticamente, dei alguns passos para trás, mas fui detida pela parede de madeira.

- Chega a ser irônico essas frases saírem de sua boca. - Ficou carrancudo.

- Até entendo que queira se vingar porque te tratamos mal quando chegou aqui, mas não vou permitir que prejudique meu irmão e meus amigos. - Tentei passar por ele, só que se pôs no meu caminho. Fiquei inquieta e me arrependi de tê-lo confrontado naquele cubículo onde era difícil escapar.

Novamente tentei ir embora, mas dessa vez Edward me aprisionou contra a parede, colocando um braço de cada lado. O grito de socorro ficou preso em minha garganta, só estava esperando ele me tocar para fazer um escândalo.

- Não estou me aproveitando de ninguém - saquei a indireta. - Seu irmão e o amigo me pediram ajuda e eu estou ajudando.

- Zombando deles? Usando-os como marionetes? - Retruquei.

- Eles não podem aprender o que tenho a ensinar sem antes entender o que é disciplina. - Sua voz soou firme. - Não é obediência cega e sim, confiança em mim. E eu sei do que eles precisam, pois aqueles homens não têm a menor noção do que é autoconfiança, equilíbrio interior, autocontrole, integridade e humildade. A técnica de defesa pessoal Krav Magá não é só socos e chutes, é um estado metal. Essas qualidades só serão adquiridas e desenvolvidas com um esforço cotidiano e perseverante. Eles estão dando o primeiro passo para assumir a responsabilidade por suas vidas através da percepção de quem são e do que podem fazer.

Não consegui formular nenhuma resposta, porém, pensei em inúmeras perguntas.

- O que...

Edward me lançou um olhar ameaçador. Minhas pernas fraquejaram um pouco, pois eu via ira em suas íris, uma ira que não compreendia.

 - Antes de julgar os demais, procure conhecer a si mesma. - Se afastou com brutalidade.

- Quem é você? - Aquele homem não parava de me intrigar.

- Pessoal! Bel, Ed, desçam! - Alice gritou. - Quero ler o capítulo 2 do livro.

(...)

Fiquei sentada na ponta do sofá e o grosso-da-selva na outra. Tudo bem que eu tinha tirado conclusões precipitadas, mas custava ele esclarecer as coisas sem agir como um bruto com complexo de superioridade?

- Posso iniciar a leitura? - Alice estava sentada na nossa frente.

- Manda brasa. - Concordei sem vontade.

Ela pigarreou antes de começar.

- Capítulo 2, Abraços. O abraço é uma das linguagens mais expressivas. Existem vários tipos de abraços e eles expressam os mais variados tipos de sentimentos. Ou seja, eles tendem a refletir a emoção, a motivação, a personalidade, os sentimentos e até mesmo os pensamentos dos indivíduos envolvidos. Neste capítulo vou dar dicas interessantes que precisam ser levadas em consideração na hora de abraçar alguém que você pretende conquistar ou que já conquistou. Na hora de abraçar, três fatores principais são relevantes: braços, distância e tempo. A combinação disso tudo junto com os fatores psicoemocionais citados anteriormente vai gerar as incontáveis possibilidades. Quando as pessoas acabam de se conhecer, ou quando não há muita intimidade o abraço é mais por educação do que qualquer outra coisa. Geralmente, acontece mais ou menos assim... - Lice levantou-se. - Vamos encenar para absorvermos melhor a idéia.

- Como assim? Vamos nos abraçar? - Eu não estava no clima.

- Sim, Bel. Não me faça perder tempo.

Revirei os olhos e obedeci, afinal, eu estava atolada naquela situação até o pescoço. Edward não reclamou, apenas se pôs de pé.

- Muito bem. Vou ler a orientação do livro e vocês tratem de segui-la. - Minha amiga estava mais mandona do que nunca. - A mulher coloca os braços ao redor da cintura do homem. - Me fitou para garantir que eu não estava ignorando. - O qual coloca seus braços envolta dos ombros da mulher. Os rostos deles tendem a virar de lado e as regiões pélvicas de ambos se afastam em sentidos opostos. Esse abraço geralmente é rápido.

Fizemos exatamente o que ela mandou. Foi rápido, automático e frio.

- Próximo. - Pedi.

- Continuando... - Virou a página. - Outro abraço que é considerado uma mera formalidade é o “lateral”. A mulher coloca um dos braços nas costas do homem, perto da cintura. Já o rapaz passa o braço direito por cima dos ombros da moça, ou envolta das costas. Região dos quadris sempre afastada é claro. É comprovado cientificamente que a proximidade dos quadris significa que existe uma atração sexual. O ser humano é dotado de vários mecanismos que ajudam a disseminação da espécie. Por isso, o instinto de procriação sempre está presente, mesmo quando não é intencional.

Tomei a iniciativa e fiz como na descrição do livro. Foi fácil como o primeiro abraço, mas existia uma barreira entre mim e Ed. Ambos desejávamos não estar ali.

- Próximo. - Exigi.

- Espere. - Lice se concentrou no livro. - Há um outro nível de abraço lateral.

- Pule, por favor. Vamos ao que for mais importante. - Pedi.

- Tudo bem. - Jogou o livro na cadeira. - Era pra estudarmos todos os níveis e tipos de abraços, mas realmente não temos tempo para tudo isso. Hora do abracinho mais fofo. - Riu baixinho.

- Abracinho fofo? - Edward ficou desconfortável com o novo tema.

- T-zed, quando vocês estiverem “encenando” o namoro, seria legal se você abraçasse Bel de uma forma mais carinhosa. Os casais normais sempre fazem isso.

- Vamos tentar. - O abracei por dois segundos, depois me afastei.

- Que merda foi essa? - Lice se revoltou. - É para ser um abraço apertado, apaixonado, bonito e não esse abraço de político em época de campanha. Tentem novamente.

- Mas... - Procurei me explicar.

- Agora! - Exigiu, batendo o pé no chão.

Enchi os pulmões de ar e abri os braços esperando que o selvagem viesse até mim.

Edward me abraçou evitando pressionar seu peito contra o meu.

- Está bom assim? - Ele questionou.

- Mais apertado, bem mais. - Nossa orientadora sádica encheu o saco. - Mais! Mais! - Edward abraçou-me com bastante força. - Mais! - Ele quase partiu minhas costelas.

- Se ele me abraçar mais forte que isso, vai entrar em mim. - Murmurei sem fôlego.

- Tenho certeza que logo chegaremos nesse capítulo de “entrar”. - Alice riu.

- Chega. - Desvencilhei-me. - Não está dando certo.

- Pelo amor de Deus, o que tem de difícil em abraçar? - Aproximou-se de Ed e o abraçou, afundando o rosto em seu ombro. O cara retribuiu sendo bem mais carinhoso com ela do que foi comigo. - Edward, por favor, abrace a Bella. - Lice se afastou.

O idiota fez careta, quase se negando a chegar perto de mim.

- Qual o problema? Estou fedendo? - Mandei na lata.

- Precisa agir assim? - Retrucou, ranzinza.

- Olha, sei que está chateado pelo que aconteceu na casa da árvore, mas não misture as coisas. Ontem estávamos indo muito bem e hoje voltamos à estaca zero. É cansativo.

- Acha que não sei disso? O problema é que você fala e age sem pensar. - Ergueu a cabeça todo cheio da razão.

- Não gosto quando fala como se eu fosse uma retardada.

- É só não agir como tal.

Minha boca escancarou e Alice jogou as mãos para o alto, desistindo.

- Não dá para ajudar vocês assim. Que droga! Eu preciso de um café. - Saiu batendo a porta.

Edward e eu bufamos ao mesmo tempo. Estava tudo errado. Ninguém se entendia e até Alice estava zangada.

- Viu o que você fez? - Coloquei as mãos na cintura.

- Que saudades de quando você tinha medo de mim. - Ele gemeu.

- Que saudades de quando você não falava. - Suspirei.

(...)

Por ordem da sádica, Edward me ajudou na arrumação do resort. Acho que a garota tinha esperança de que nos acertássemos antes do fim do dia.

Arrumei primeiro o quarto das gêmeas. Ed ficou calado, mas colaborou erguendo alguns móveis para que eu pudesse passar o aspirador de pó. Preciso admitir, foi bem útil. Quando acabei, seguimos para a suíte de Brad. Eu não queria fazer aquele servicinho, só que era o meu dia de bancar a camareira e não era justo sacanear meus amigos.

Assim que entrei no local, o cheiro da colônia de Brad penetrou minhas narinas e foi direto para o coração, de onde emergiram recordações e sentimentos que ainda me assombravam. Para não sucumbir àqueles ecos do passado, corri para o mini system e coloquei o primeiro CD que encontrei. Era uma coletânea com músicas variadas. A canção me fez sentir... diferente.




- Quartinho do Brad boy. - Avisei.

- Hum. - Respondeu pouco interessado, mas notei que analisou o local.

O lugar estava meio bagunçando. Roupas espalhadas, vários CDs jogados na cama e um violão em cima da poltrona. Fui até o instrumento e, me fingindo de desatenta, o derrubei no chão.

- Opa. - Falei com satisfação. - Foi um acidente. - Pisei em cima.

Ed riu e isso me fez relaxar um pouco.

- Adoro essa música. - Girei lentamente pelo quarto.

Não sabia distinguir se era a batida da música ou o perfume, que estava me fazendo sentir uma leve embriaguez. Talvez os dois.

Caí na cama, já não me importando com as obrigações.

- Vai demorar? - O cara da selva ficou impaciente.

- Senta aqui. - Indiquei a cama. - Não está cansado?

Ele fez careta, mas cedeu.

- Chiclete? - Puxei uma caixinha do bolso e me sentei.

- Nunca comi isso. - Admitiu.

- O quê? - Ri. - Que tipo de infância você teve? Chiclete não é pra comer, só precisa mastigar. - Tirei o chiclete da embalagem e enfiei na boca dele. - Mastiga, vai! - Precisei incentivar. Coloquei um na boca também. Edward acabou saboreando o chicletinho, mas continuou sério.

Voltei a deitar e fiquei olhando para o teto enquanto curtia a música. O cara ainda estava deslocado, por isso puxei-o pelo braço, lhe obrigando a deitar-se também.

- Você se deita na cama de todos os hóspedes?

- Claro. - Menti, fazendo uma bola de chiclete. - Vou te ensinar a fazer uma bola. Coloca a goma na língua, repuxa e sopra. É fácil.

- Não, obrigado.

Gargalhei.

- Você é muito carrancudo, precisa se soltar. Faz a bola!

- Não quero.

- Faz a bola. - Insisti, cutucando-o.

- Não vou fazer bola nenhuma.

- Faz, é legal.  - Não entendia como ele podia ser tão formal, mesmo sendo um quase aborígine. - Saca só. - Novamente fiz uma bola e ele a estourou com o dedo. - Seu chato. Faz a bola, vai.

- Tudo bem. - Ed mastigou bem, em seguida, soprou forte. O chiclete imediatamente voou para o teto. O engraçado é que permaneceu lá.

- É... Você nasceu pra isso. - Contive o riso. - Sabe... - Me sentei. - Por que é tão sério? Essa sua cara de bicho espanta as pessoas, faz você parecer... anti-social.

-Não me importo com o que as pessoas pensam ao meu respeito. - Sentou de frente para mim.

- Se você se vestisse melhor e fizesse a barba, ia ficar menos estranho. - Fui sincera.

Ele riu sem humor.

- Vocês aqui estão sempre julgando pela aparência. Isso me irrita. Eu sou o que sou... Não tenho vontade de mudar para me adaptar a nada nem a ninguém.

- Nem um pouquinho? - Quase implorei. Um visual melhor ia me ajudar muito.

- Não. - Me encarou. - Bella, nós não somos o que vestimos, nem mesmo o que parecemos. Somos o que fazemos. São nossas atitudes que determinam o quão belos somos.

Nossa, então ele devia me achar horrorosa. Não consegui tirar os olhos dele. Diante daquelas palavras, me senti um pouco fútil.

- Tem razão. - Falei baixinho. - Mas... - Sorri. - Podia ficar mais solto. Não tão analítico e crítico. Entende?

- Mais ou menos.

- Vem cá. - Fiquei de pé na cama e o puxei para junto de mim. - Tente relaxar. Eu não sou sua inimiga, não tem inimigos aqui. - Edward até tentou, mas talvez não ficasse à vontade perto de mim. Então, resolvi tentar de outra maneira. Peguei o controle do som que estava jogado na cama e mudei a faixa do CD. - Feche os olhos e ouça a música. - Ele ficou confuso. - Tudo bem. Confie em mim. - Sorri persuasiva.




Edward respirou fundo e, para a minha satisfação, fechou os olhos.

- E agora? - Questionou.

- Apenas escute a canção. Ela fala sobre diversão. E é exatamente disso que precisa. Sei que não é feliz aqui, por isso tenho que te mostrar que às vezes, precisamos esquecer de tudo e apenas curtir um momento, um lugar ou uma música. - Fechei os olhos também. - Sente isso? - Me referia à batida que involuntariamente me fazia balançar o corpo de um lado para o outro. - Sente?

- Sim. - Murmurou.

- Não dá uma leve sensação de liberdade? - Tateei os braços dele até encontrar suas mãos. Balancei-as de um lado para o outro, na esperança de que ele me acompanhasse. - Não se preocupe. Não tem ninguém olhando, pode se soltar. - Ri. - Dance. Curta. É só uma música, são só alguns minutos. Se entregue a ela. - Abri os olhos.

Edward balançava o corpo muito lentamente, era quase imperceptível. Ainda assim fiquei feliz, pois era um grande avanço.  Quando chegou ao refrão, sussurrei perto de seu ouvindo, tentando fazê-lo compreender a letra.

- Just you and me (Só você e eu). Don’t think about now (Não pense nisso agora) Don’t even doubt it now (Nem mesmo duvide disso). I’m inviting you to a party for two (Pois estou te convidando para uma festa para dois).

Ed abriu os olhos assim que me afastei. Não consegui decifrar sua expressão, porém, senti uma vibração muito positiva.

Coloquei os dedos na boca e assobiei alto.

- Se joga, Edward! - Gritei jogando as mãos para cima. Ele riu, levemente envergonhado. - Vai! Vai! Vai! - Bati palmas.

- Não sou bom nisso. Não consigo. - Disse timidamente. Percebi que a barreira erguida durante as lições de Alice havia desmoronado. Por um momento, não consegui ver Ed como um selvagem. Diante de mim, estava um rapaz de vinte e poucos anos, somente isso.

- É claro que consegue. Você é o Ed Rei da Floresta, caramba. Você pode tudo! - Brinquei, depois cantei em voz alta. - I’m having a party, a party for two. I ain’t inviting nobody, nobody but you (Eu estou dando uma festa, uma festa para dois. Não vou convidar ninguém, ninguém além de você).

- Você é meio... - Riu.

- Maluca?

- Ahãm. - Assentiu.

- Completamente. - Pulei na cama. Não me importava de parecer boba na frente dele. Não tinha que impressioná-lo. Era fácil ser eu mesma. - Rebola, Ed.

- O quê? - Não acreditou no que eu falei.

- Rebola. - Repeti em tom de brincadeira.

- Não na minha cama. - Olhamos para a porta e Brad estava plantado lá. - Fora. - Pediu, muito bravo.

Paralisei sem saber o que fazer, porém gargalhava por dentro.

- Desculpe. - Edward saiu da cama. Os olhos de McFadden se estreitaram ao ouvir a voz do meu namorado pela primeira vez.

Ed colocou as mãos na minha cintura e me tirou da cama. Nem precisava, mas logo me toquei de que a atitude fazia parte do nosso teatrinho.

- Foi mal, Brad. Acho que nos empolgamos com a música. Não se preocupe, vamos arrumar seu quarto direitinho. - Passei um braço atrás de Edward. Ele automaticamente colocou o seu em volta dos meus ombros.

- Fora. - McFadden disse, autoritário.

Nós obedecemos. Assim que colocamos os pés fora do quarto, o idiota bateu a porta na nossa cara.

Edward e eu trocamos olhares. Logo em seguida, explodimos em uma gargalhada quase sincronizada.

- Acho que agora ele me odeia mais. - Edward foi um pouquinho sarcástico.

- Obrigada. - Não me segurei e lhe dei um forte abraço. Nossos corpos ficaram bem colados, partilhando um caloroso gesto de gratidão. Eu não era tão mal agradecida quanto podia aparentar. Tinha plena consciência de que ele estava sendo gentil em continuar a farsa, mesmo depois de nosso pequeno desentendimento.

- De nada. - Retribuiu, colocando os braços em torno de mim. Era bom manter o clima amistoso, tornava tudo mais fácil. Uma de suas mãos deslizou por minhas costas, confortando-me e instintivamente amoleci. - Cadê a Alice quando a gente faz direito? - Murmurou e eu ri, percebendo que o abraço que ela tanto queria finalmente tinha acontecido.

Saímos em busca da nossa instrutora e assim que chegamos à sala, encontramos Jasper tentando se comunicar com a dona Bogdanov.

- Puhastamine. - Disse, folheando o dicionário.

- O que está fazendo? - Indaguei.

- Jasper quer dizer a ela pra limpar a casa, mas Jasper não encontra isso no dicionário. - Bufou. - Puhastamine.

- Sa meeldid mulle. - Ela respondeu muito séria.

- O que essa mulher disse? - Fiquei curiosa.

- Jasper não faz idéia. Espera, quem sabe isso funcione. Minuga abielluda.

A cozinheira arregalou os olhos e todos ficamos tensos. Ela estava em choque.

- Ah, meu Deus. Você a ofendeu? - Supus.

- Jasper não sabe. - Sussurrou com medo. De repente, a dona Bogdanov se jogou nos braços dele com um sorriso de orelha a orelha. - Socorro. - Ele murmurou tentando se desvencilhar do abraço possessivo.

- Talvez fosse esse tipo de abraço que Alice queria que déssemos. - Edward comentou.

- Jazz, o que você fez? - Não entendi o gesto da maluca, afinal ela nos odiava.

- Ai, meu Deus. - Ele choramingou quando a senhora beijou-lhe a bochecha.

- Eu não entendo muito estoniano, mas “abielluda” significa casar. - Edward esclareceu.

- O quê? - Meu irmão empurrou a velha pra longe.- Não, não, não! Nada de abielluda. Sem abielluda. - Ficou aflito. A senhora ainda fez um charme piscando um olho. - T-zed, diga à dona Bogdanov que me enganei.

- Eu não falo a língua dela. Só entendo algumas palavras.

- Let's abielluda!  - A cozinheira gritou jogando as mãos para o alto.

O mongol rapidamente se escondeu atrás de mim.

- Bella, faz alguma coisa.

- Eu que não vou me meter em briga de casal. - Tirei o corpo fora. - Vem, Ed. - Puxei o selvagem pela mão.

Saímos da mansão e eu quase voltei quando ouvi o berro do meu irmão.

- NA BOCA NÃOOOOOOOO!

Jasper estava encrencado.

(...)

Na parte da tarde, alguns turistas acompanhados por seus guias vieram ver Ed Rei da Floresta e o puma. Edward se comportou muito bem, manteve o animal calmo, cuidou para que as pessoas ficassem o mais seguras possível e interagiu com o felino. Alguns corajosos se aproximaram do animal para tirar fotos, claro, com a supervisão atenta do domador. Eles também fizeram perguntas e, para nossa surpresa, Ed respondeu com precisão e profissionalismo. Todos ficaram bastante satisfeitos, no entanto, notei que o cara da selva não se sentia à vontade bancando a “atração”.

Assisti tudo de longe e tentei analisá-lo. Edward era o tipo de pessoa que quanto mais conhecemos, menos entendemos. O cara tinha valores tão ultrapassados e ao mesmo tempo, tão admiráveis. Em alguns momentos, era agressivo e em outros era completamente... dócil. Às vezes me perguntava se ele não estava pregando uma grande peça em nós. Era possível que fosse um grande e audacioso mentiroso. Não devíamos confiar totalmente.

No finalzinho da tarde, Alice veio sentar-se comigo próximo à piscina.

- Bel, o que foi aquilo ontem à noite? -Debochou. - Menina, eu quase explodi de rir quando você berrou “acaba comigo”. Os rapazes do Link 69 ficaram pasmos, até duvidaram que fosse real. Claro que eu e os meninos sustentamos a farsa. 

- Mesmo? - Me interessei. - E o Brad boy?

- O otário até tentou disfarçar, mas dava para perceber que ficou se mordendo de ciúmes. Na verdade, ficou puto.

- Ô coisa boa. - Respirei fundo, cheia de satisfação.

- Falei com minha prima e adivinha só! Ela me deu uma boa receita de um feitiço que não só vai espantar o seu azar, como também atrairá só coisas boas para você.

Não acreditei que Lice tivesse coragem de me falar sobre feitiço depois de tudo que passei nos últimos dias.

- Nem me fale daquela Guru bandida.

- Você precisa tentar. Tenho certeza de que vai dar certo, além disso, já arranjei quase todos os ingredientes da poção.

- Esqueça.

- Precisamos fazer isso à meia noite. - Me cutucou e eu a ignorei.

- Seu azar diminuiu depois que beijou o T-zed. - Sorriu achando que aquilo me convenceria. - Vou dormir aqui hoje, tenho certeza de que vai cair na real.

- Por favor, reprima o seu lado Harry Potter.

(...)

Realmente a cretina se instalou na mansão. Meu irmão precisou ceder seu quarto e foi parar no sofá do escritório.

Edward e eu seguimos o mesmo ritual da noite anterior. Ele tomou banho, deitou-se na cama auxiliar e eu me escondi embaixo das cobertas. Não consegui parar de pensar na idéia de jerico de minha amiga. Será que as baboseiras da estelionatária realmente me libertariam?

De repente, ouvi gemidos de prazer, e definitivamente não eram meus. Imediatamente, me sentei e o selvagem também.

- Oh, Braaaad! Ooooh! Hmmmmmm!

Olhei para a parede atrás de mim e quase enfartei. Os gritos vinham do quarto do meu ex.

- Qual o problema de vocês? - O cara da selva enfiou o rosto no travesseiro.

A porcaria dos gemidos se tornaram cada vez mais altos e desagradáveis. O filho da mãe do McFadden estava se vingando.  Que ódio!

- Que cretino! - Rosnei. Edward deitou-se, cobrindo a cabeça com o travesseiro. - Isso não vai ficar assim. - Saltei da cama e corri para a janela. - BRAAAAAAAAAAAAAAD! - Berrei o mais alto que pude. - BRAAAAAAAAD!

- O que é, Bella? - Colocou a cabeça para fora de sua janela.

- Façam silêncio, estão incomodando a mim e aos hóspedes.

- Vai cuidar da tua vida. - Se chateou. - Me deixa em paz.

- Estou falando sério. Pare de... de... SÓ PARE! - Berrei.

Minha nossa, não acredito que falei isso. Merda! Agora eu que sou a ciumenta?

- Parar eu não vou - sorriu. - Mas vou me comportar.

Fechei a janela com toda força. Contorci-me, contendo a ira. Eu estava a ponto de explodir.

- Oooohhhhhh! AAAAAAAAAHHHHH! - Os gemidos retornaram.

Ouvir aquilo me feria de uma forma indescritível. Com certeza, McFadden estava adorando me ver alterada. Se eu voltasse a fingir que Edward e eu estávamos nos divertindo também, o pessoal ia embora do resort achando que tinha virado um bordel.

Após um grito fingido da lambisgóia loira, Edward perdeu a paciência.

- Vou dormir na casa da árvore hoje. - Pegou seu cobertor e saiu.

Tapei os ouvidos com as mãos e minha sanidade foi para o espaço.

- Que gostoso! BRAD! - A tribufú berrou só para me provocar.

Eles só podiam estar fingindo. Não era possível! Ninguém transa assim... eu acho. Parte de mim acreditava que era uma farsa, mas só tinha um jeito de ter certeza.

(...)

- Bella, pelo amor da humanidade, desce daí. - Alice sussurrou.

Eu rastejei no galho da árvore que ficava perto da janela do quarto de Brad. Com um binóculo, tentei espiar o cômodo, mas o lugar estava muito escuro.

- Shhhh. - Gesticulei para ela. - Eles estão fingindo. Eu sei disso!

- Está agindo assim porque não consegue aceitar o fato de que McFoden agora é de outra. Recupere o juízo, mulher! Desça!

Minha amiga tinha razão, porém, eu não tinha forças para encarar a verdade.

- Só mais um minuto. - Rastejei até o meio do galho. Estava quase conseguindo ver algo na cama. - Estou vendo alguma... coisa. - Tentei ficar de joelhos. Fui ajustar a lente do binóculo e me desequilibrei. Meu corpo pendeu rápido demais, só deu tempo de minhas mãos agarrarem o galho.

-Você vai cair! - Lice se assustou.

- Socorro. - Choraminguei pendurada. - Me lasquei toda. - Olhei para baixo e vi que a altura era suficiente pra me fazer quebrar algum osso.

- E agora? E agora? - Ela entrou em pânico.

- Vai buscar ajuda, não vou conseguir me segurar por muito tempo.

- Já volto. Não saia daí!

- Como se eu pudesse. - Revirei os olhos.

Cerca de um minuto depois...

- Sério, como consegue ser tão, tão... - Acho que Edward queria dizer burra. - Tão... você?

- Alguém chame os bombeiros! - Choraminguei outra vez.

- Tudo bem. - Ele bufou. - Pule, eu te seguro.

- Nãããõoooo. Que idéia é essa? - Ofeguei.

- Bella, isso não é hora de ser covarde. - Lice reclamou.

- Mas eu sou covarde toda hora. - Confessei.

- Solta o galho. - Ed ordenou. Olhei pra baixo e o vi com os braços estendidos  à minha espera. - Pode confiar, eu te seguro.

Minhas mãos já não suportavam o peso do meu corpo.

- Eu vou me estatelar no chão. Sei que vou. - Alertei. - Esquece! - Meus dedos começaram a ceder. - Socorrooooooooo! - Gritei desesperada.

- Vou embora. - Ele ameaçou.

- Tá bom, tá bom, me segura. - Implorei.

- No três.

- Um... - Comecei a contagem. - Dois... - Fechei os olhos. - Três! - Soltei o galho.

- O que é isso? - Brad falou alto.

Quando dei por mim, já estava no chão toda arrebentada.

- Não segurei. - Ouvi o murmúrio do selvagem. - Me distraí quando Brad apareceu na janela. Desculpe.

- Hmmmm. - Gemi.

(...)

Já passava das 9:00h da manhã. Fiquei boa parte da madrugada no hospital e agora já não estava com tanta dor. Minha perna não quebrou, mas torci o tornozelo, o qual rapidamente inchou. O local estava enfaixado e meu estômago cheio de analgésicos.

Sentada na cama do meu quarto, lamentei por minha falta de inteligência e bom senso na noite passada.

Meu celular estava cheio de mensagens de texto de Brad. Ele me desejou melhoras e também zombou de mim. Coloquei o aparelho em cima da coxa quando alguém bateu à minha porta.

- Entra. - Falei meio grogue.

O selvagem apareceu com uma bandeja. Nem quis olhar para o rosto dele.

- Alice pediu pra eu te trazer o café da manhã. Ela saiu na excursão com os hóspedes.

- Deixa aí no criado mudo. - Tentei ignorá-lo.

Edward obedeceu, em seguida, suspirou alto.

- Não foi de propósito.

- Não quero falar sobre isso. - Eu sabia que a culpa era minha, mas podia ter saído menos machucada se o gênio não tivesse me mandado soltar o galho.

- Tem algo que eu possa fazer? - Sentou na ponta da cama.

O fitei pronta para responder agressivamente. Infelizmente a expressão preocupada dele me desarmou.

- Não. - Falei baixinho. - Estou bem, só é chato ficar presa na cama. Tentei ficar de pé, mas dói muito.

- Onde quer ir?

- Preciso trabalhar. Não quero sobrecarregar meus amigos só porque eu sou azarada, desastrada e... - Passei as mãos pelos cabelos.

- E impulsiva. - Completou sorrindo.

- E impulsiva. - Concordei.

- Toma o seu café, depois eu te ajudo a se locomover.

Ri alto.

- Não, obrigada.

- Qual o problema?

- Não quero que faça nada porque se sente culpado.

- Verdade? - Ficou surpreso com a minha súbita bondade.

- Não. É sua obrigação cuidar de mim. - Brinquei.

- Tem certeza? Posso te derrubar por aí... - Sorriu torto. - Meio que sem querer.  

- Beleza, eu confio em você. - Ironizei. - Me passa a bandeja.

Ed se inclinou e pegou-a. No momento em que ia passá-la para mim, meu celular vibrou, fazendo-me sobressaltar. Meu braço bateu na bandeja e toda a comida caiu em cima de mim.

De olhos fechados apenas resmunguei devagar.

- Bom dia pra você também, azar. - Retirei um pedaço de mamão do meu cabelo.

 Abri os olhos e me entristeci ao me ver lambuzada de suco.

- Estou começando a acreditar que é mesmo azarada. - Edward comentou.

- Sabe dizer se Lice vai demorar? Não posso ficar suja, preciso de um banho e ela tem que me ajudar.

- Não sei. - Refletiu. - Mas eu posso te ajudar nisso. - Arqueei as sobrancelhas, surpresa. - Quero dizer... - Ele baixou a cabeça. - Só vou te levar até ao banheiro. - Coçou a testa. - Não é complicado, vou te colocar sentada numa cadeira embaixo do chuveiro e o resto... você faz sozinha.

Não era má idéia.

- Tudo bem. Necessito muito de um banho.

Edward fez exatamente o que descreveu. Colocou uma cadeira no banheiro e me carregou até lá. Assim que saiu, tirei a roupa, joguei-a longe e liguei a ducha. A água me deixou bastante relaxada. Não tive problemas em me lavar, só o sabonete que caiu no chão, fora do meu alcance. Tirando isso, foi um banho bem normal.

No momento em que desliguei a ducha, me dei conta de que não tínhamos pensado em todos os detalhes do banho.

- Ah, não. - Gemi lembrando que minhas toalhas não estavam ali e sim, dentro do armário. Me levantei, equilibrando-me em um pé só. Tentei chegar até minhas roupas, mas se eu fosse pulando até lá, corria o risco de cair e me machucar ainda mais.

 - Er... - Ofeguei. - Edward?

- Sim? - Respondeu do quarto.

- Estou com um pequeno... - quis desaparecer. - Probleminha. Não alcanço minhas roupas e aqui não tem toalha.

Por alguns segundos, pairou um silêncio perturbador.

- Onde está a tolha?

- No armário. - Quase não consegui responder.

 Me torturei por mais alguns segundos até que o selvagem indagou:

- Posso entrar?

Eu nunca passava vergonha, a vergonha é que me passava, aliás, me atropelava.

- Fecha os olhos! - Ordenei.

- Como vou chegar até você de olhos fechados? - Retrucou.

- Eu te guio, mas não abra os olhos! NÃO ABRA! - Nem a pau que ele ia me ver pelada.

- Ok. - Praticamente rosnou.

Edward passou pela porta de olhos fechados.

- Não abra os olhos! - Pedi mais uma vez.

- Já entendi.

- Vire para a esquerda. - Ele obedeceu e ficamos frente a frente. Nervosa, me cobri como pude. - Dê dois passos. - Tateando, Edward deu os passos e eu estiquei o braço buscando a toalha. - Dê um passo largo. - Pedi, me inclinando na direção dele. - Mais um. - O cara se aproximou demais e tateou o que não devia. Sua mão roçou no meu seio direito. - NÃO RÁLA A MÃO EM MIM!- Gritei brava.

- Desculpe. - Abriu os olhos.

- NÃÃOOOO! - Tapei os olhos dele.

Edward deu um passo atrás, pisou no sabonete e foi ao chão. Pude até ouvir sua cabeça batendo no piso.

- Ai. - Gemeu.

(Continua...)

Próximo Capítulo Aqui!

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